Menu Content/Inhalt
29 de outubro: Dia Nacional do Livro Imprimir E-mail

fotoEm alusão ao Dia Nacional do Livro, comemorado em 29 de outubro, o Sarau Eletrônico publica o inspirado texto da escritora Katherine Paterson, intitulado "O mundo é dos que leem".

O mundo é dos que leem 

Katherine Paterson 

Um de meus heróis é o norteamericano Frederick Douglass. Douglass nasceu escravo, em Maryland, no ano de 1817. Tornou-se abolicionista, homem de Estado e conselheiro de Abraham Lincoln. Douglass conta em sua autobiografia que, quando criança, sua dona lhe ensinou o ABC, e que tinha começado a lhe ensinar algumas palavras simples, quando seu dono se deu conta do que estava acontecendo. O homem ficou furioso e proibiu a esposa de continuar a ensinar a Frederick. Ele achava que ensinar a um escravo era ao mesmo tempo ilegal e perigoso. “Isto o impediria definitivamente de continuar a ser escravo. Ele se tornaria, ao mesmo tempo, intratável e sem utilidade para seu senhor. Para ele mesmo, não só faria o menor bem, como até o prejudicaria, tornando-o inquieto e infeliz”. “Desde aquele momento” – assegura Douglass – “compreendi o caminho que leva da escravidão para a liberdade... Mesmo sabendo da dificuldade de aprender sem mestre, me dediquei com grande esperança e com toda a firmeza, à custa de qualquer sacrifício, à tarefa de aprender a ler...”

Outro heroi americano – embora nascido na Europa – foi o físico Albert Einstein. Perguntado pela mãe de um menino com facilidade para os números sobre como podia ajudá-lo a ser um grande matemático, Einstein respondeu: “Leia para ele sobre os grandes mitos do passado. Estimule a sua imaginação.”

Outra grande norteamericana, a poeta Emily Dickinson, escreveu:

 

“Não há navio como um livro

para nos levar a terras distantes,

nem cavalos como uma página

de poesia que salta –

Esta travessia pode ser feita por qualquer um

sem grande dificuldade –

Como é simples a carroça

que transporta a alma humana!”

 

A leitura foi o atalho que levou Douglass da escravidão para a liberdade. Uma vez livre, dedicou-se à luta para libertar todos os escravos. Para Einstein, os contos eram instrumentos para ampliar a imaginação. Ele mesmo começou a se fazer perguntas sobre a origem do universo. E para Emily Dickinson, que poucas vezes se ausentou de casa, os livros eram barcos, a poesia era um cavalo saltador, a leitura era o meio de viajar para onde quisesse: a sabedoria e a beleza que encontrou pelo caminho chegaram até nós nas palavras que deixou escritas.

O mundo é dos leitores. Através dos livros podemos ir a qualquer lugar: a países ao redor do mundo ou a planetas distantes. Por meio da leitura podemos penetrar nos mistérios da natureza. Podemos até explorar o coração e a mente dos outros. Quantos tesouros nos esperam! A única coisa que temos a fazer é abrir o livro e virar as páginas.

 

Tradução: Luiz Raul Machado.

 
< Anterior   Próximo >

Artigos já publicados

Livros proibidos, ideias malditas

capaEdison Lucas Fabricio, mestre em História e professor universitário, resenha o livro “Livros proibidos, ideias malditas: o Deops e as minorias silenciadas”, da historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro. Na obra, Carneiro apresenta a história da censura ao livro impresso no Brasil com base nos arquivos do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo.

Leia mais...