| Norbert Elias por ele mesmo |
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Norbert Elias por ele mesmo Tiago Ribeiro Santos
A primeira parte é composta por uma longa série de entrevistas concedidas por Norbert Elias à A. J. Heerma van Voss e A. van Stolk. Nelas, o sociólogo fala principalmente de sua infância na cidade natal (Breslau), de suas relações familiares e de sua fuga da Alemanha nazista em 1933, exilando-se na Suíça e depois na França. Durante a entrevista, notadamente, Norbert Elias não se deixa seduzir pelas perguntas. Sem abdicar de seu sistema teórico, o autor oferece um interessante exemplo de autoanálise à medida que se apóia em pressupostos sociológicos para orientar sua fala. Assim, evita respostas instantâneas e estabelece diálogos com os entrevistadores, pautando-se pelo sentimento científico que lhe é inerente. A segunda parte contém reflexões de Elias mais relativas a sua obra, seu sistema teórico, dando a entender as potencialidades e os limites dele, além de outros textos em que o autor comenta suas relações com os sociólogos Alfred Weber (irmão de Max Weber) e Karl Mannheim, ambos marcantes no desenvolvimento do seu pensamento. Poderá se observar, nestes textos, esclarecimentos a respeito da tomada de posição científica do autor. Elias posicionou-se a favor da criação de uma ‘terceira via’ para além das dicotomias entre objetivismo/subjetivismo, sociedade/indivíduo; estrutura/ação etc. fortemente estabelecidas nas ciências humanas de até então. Em suma, os relatos de Norbert Elias por ele mesmo nos levam a confirmar a tese de que na base das grandes conquistas do pensamento e da humanidade estão os conflitos tanto individuais quanto sociopolíticos e científicos. No âmbito científico, além de adotar a ‘terceira via’, o autor insistia na possibilidade de analisar sociologicamente aspectos das relações humanas tomando longos períodos históricos como referência. Estas decisões custaram a Elias uma vida inteira de trabalhos, abrindo mão de possíveis filhos e casamento. Consequentemente, ao contrariar as perspectivas sociológicas dominantes de seu tempo, como pode ser observado no livro, o pensamento de Norbert Elias foi motivo de risos e dúvidas por parte de integrantes dos grupos de pesquisa por onde passou. Além de outros motivos, Elias só teve sua obra consagrada a partir da década de 70. E que hoje, acredito, atinge o estatuto de uma obra razoavelmente imorredoura. |
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Neste breve texto o jornalista e mestrando em Educação Tiago Ribeiro Santos apresenta e indica o livro “Norbert Elias por ele mesmo”, que reúne entrevistas e depoimentos deste intelectual alemão, autor de obras importantes como “O processo civilizador”.
Mais que um escrito, o livro “Guardião de datas”, de Helio Ferreira, é uma leitura do êxodo. Mais que uma estreia, a confirmação de um processo de autoria. E, ao mesmo tempo, muito menos daquilo com que nos podem brindar os rótulos literários, vendidos a granel no mercado das letras, por ser “apenas” poesia. É desta forma que o jornalista Ben-Hur Demeneck inicia o prefácio do livro de estreia deste poeta paranaense, e que o Sarau Eletrônico publica na íntegra.