As brumas dançam sobre o espelho do rio |
“As Brumas Dançam Sobre o Espelho do Rio”, da escritora blumenauense Urda Alice Klueger. Publicado originalmente em 1981, este livro conta a história de amor entre Elisa e Severo. Urda Alice Klueger é uma das escritoras catarinenses cuja obra vem alcançando o maior número de reedições. “Verde Vale”, seu primeiro romance, já está em sua décima edição, e “As Brumas Dançam Sobre o Espelho do Rio” chegou à quinta edição neste ano de 2008, agora pelo selo da editora Hemisfério Sul, de Blumenau (SC). Lançado originalmente em 1981 pela antiga editora Lunardelli, “As Brumas Dançam Sobre o Espelho do Rio” resgata um episódio ainda pouco conhecido da história do Vale do Itajaí. Durante a Guerra do Paraguai (1864-1870) o governo imperial passou a recrutar homens para lutar como soldados do exército brasileiro. Como a adesão era pequena, e a necessidade de soldados grande, homens eram recrutados à força. Neste contexto, algumas famílias que moravam no litoral catarinense e cujos filhos ou maridos corriam o risco de serem recrutados, começaram a fugir para o interior do estado. Este foi o caso dos primeiros habitantes da localidade de Rio Morto (no Alto Vale do Itajaí), fato que serve de mote para este romance de Urda Alice Klueger . Elisa é uma moça bonita, de família humilde, que mora no litoral catarinense com seus pais e está prometida em casamento para um marinheiro que há mais de um ano não retorna do mar. Ela vive uma vida simples e sem muitos sobressaltos, até o dia em que vê chegar à praia uma canoa trazendo um misterioso pescador. Severo é o nome deste homem, que aos poucos começa a incomodar o coração e o sossego da moça. Amor proibido, que os obriga a fugir para o interior do estado, seguindo o rastro das famílias que fugiam do recrutamento obrigatório subindo o rio Itajaí-Açu. Ao narrar as dificuldades, sabores e dissabores da construção de uma civilização em meio à Mata-Atlântica, Urda mostra o quanto sua obra foi influenciada pelo texto do escritor norueguês, e prêmio Nobel em Literatura, Knut Hamsun (1859-1952), cujo livro “Os Frutos da Terra”, publicado em 1917, mostra a luta do ser-humano contra o mundo selvagem para arquitetar a civilização. Também em “As Brumas Dançam Sobre o Espelho do Rio” vemos esta luta, o imperativo humano domesticando a natureza. Escrito numa linguagem simples e acessível, “As Brumas Dançam Sobre o Espelho do Rio” constitui-se como uma clássica história de amor, uma ótima sugestão para quem gosta deste gênero de leitura. Texto: Viegas Fernandes da Costa / Sarau Eletrônico. |
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