Menu Content/Inhalt
Home arrow O que estou lendo arrow O que estou lendo: por Jorge Gustavo Barbosa de Oliveira
O que estou lendo: por Jorge Gustavo Barbosa de Oliveira Imprimir E-mail

Em época de tantas tensões internacionais, buscar compreensão sobre como se evitaram ou se puseram fim aos conflitos do passado, permite-nos vislumbrar o que hoje está em jogo e como as questões são abordadas pelos intervenientes. No entanto, aquilo que a seu tempo se estabeleceu em nome da paz nem por isto, em sua evolução, deixou de ser fonte de atrito, e mesmo de guerras. O conceito de paz como ausência de guerra, e vice-versa, explicita o caráter transitório destes estados, a sua própria precariedade. Obra de vários autores, História da Paz examina 15 históricas construções políticas voltadas à estabilização e ao ordenamento internacional.

Sugestão do Professor Jorge Gustavo Barbosa de Oliveira 

Estou lendo o livro organizado por Demétrio Magnoli, História da Paz (Editora Contexto, 2008).

Em época de tantas tensões internacionais, buscar compreensão sobre como se evitaram ou se puseram fim aos conflitos do passado, permite-nos vislumbrar o que hoje está em jogo e como as questões são abordadas pelos intervenientes. No entanto, aquilo que a seu tempo se estabeleceu em nome da paz nem por isto, em sua evolução, deixou de ser fonte de atrito, e mesmo de guerras. O conceito de paz como ausência de guerra, e vice-versa, explicita o caráter transitório destes estados, a sua própria precariedade. Obra de vários autores, História da Paz examina 15 históricas construções políticas voltadas à estabilização e ao ordenamento internacional.
A seguir, suscintamente, apontamos o que tratam os capítulos.

Concílios Ecumênicos Medievais: discorre sobre como eram tratadas as questões da guerra e da paz na era situada entre o fim do Império Romano e o surgimento dos Estados-nação soberanos;
Tratado de Tordesilhas: a pretensiosa divisão do mundo entre Espanha e Portugal e seus fundamentos;
Paz de Vestfália: tratados que reconhecem formalmente o primado do Estado-nação, estabelecem o moderno sistema internacional, o declínio do Sacro Império Germânico e a secundarização da Igreja católica;
Congresso de Viena (1814-1815): após a derrota de Napoleão, a restauração da ordem monárquica na Europa.
Tratado de Nanquim (1842): ao final da primeira Guerra do Ópio, obrigou a China a ceder Hong Kong ao Reino Unido e a abertura de cinco outras cidades chinesas;
Conferência de Berlim (1884-1885): divisão da África entre as potências européias;
Acordo Sykes-Picot (1916): com a derrocada do Império Otomano, na Primeira Guerra Mundial, dividiu-se o Oriente Médio em áreas de influência francesa e inglesa, em cujo embrião está o contemporâneo conflito israelo-palestino;
Tratado de Versalhes (1919): derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha cede e reconhece perdas territoriais na Europa, nos oceanos e na África, bem como deve indenizar pelos danos provocados e ver suas forças armadas sofrerem restrições;
Conferência de Bretton Woods (1944): ao final da Segunda Guerra Mundial, o estabelecimento, por parte dos vencedores, dos princípios e das agências que iriam regular a ordem econômica pós-Guerra;
Conferências de Yalta e Potsdam (1945): ao final da Segunda Guerra Mundial, a definição da ordem política internacional, tendo como um dos resultados a divisão da Alemanha e a subseqüente formação dos blocos capitalista e comunista da chamada Guerra Fria;
Declaração Universal dos Direitos do Homem: à luz dos vários genocídios provocados pela Segunda Guerra Mundial e da criação da Organização das Nações Unidas;
Carta da OEA (1948): tratado interamericano que institui a Organização dos Estados Americanos;
Tratado de Roma (1957): precursor da atual União Européia;
Tratado de Não-proliferação Nuclear (1968): busca evitar a disseminação das armas nucleares e regular o seu uso para fins pacíficos;
Protocolo de Kyoto (1997): resultado de uma série de ações precedentes a respeito da proteção do meio ambiente, trata-se de um protocolo com vistas à futura assinatura de um tratado para a redução da emissão de gases de efeito estufa, com vistas à prevenção ao aquecimento global.

O leitor há de compreender que muitos dos temas tratadas na obra persistem. Hodiernamente sofrem a pressão dos poderes constituídos de turno, em conjunção ou conflito com os interesses permanentes dos povos. Perscrutar quais sejam, uns e outros, é leitura fascinante. Senão, pelo menos é de interesse conhecermos que mundo é este em que vivemos.

Jorge Gustavo Barbosa de Oliveira, Professor do Departamento de Ciências Sociais/FURB

 
< Anterior   Próximo >

Artigos já publicados

“Maria erótica e o clamor do sexo”

capaRecentemente uma série de pesquisadores vêm se debruçando sobre temas até há pouco considerados indignos de análises sérias e sistemáticas, dentre estes, o universo da pornografia. “Maria Erótica e o clamor do sexo: imprensa, pornografia, comunismo e censura na ditadura militar, 1964-1985, livro escrito pelo jornalista Gonçalo Júnior, insere-se nesta relação de pesquisas sobre temas inusitados, mas que muito revelam a respeito da nossa sociedade.

Leia mais...