Última alteração: 2016-09-21
Resumo
O gerenciamento do uso do capital levanta questionamentos acerca das fontes de captação, se por meio internos ou por empréstimos. Esse gerenciamento envolve medição dos custos do capital e da agregação de valor, que refletirá, de alguma forma, no desempenho econômico da organização. Determinar até que ponto essas questões foram fundamentadas para atender os interesses dos acionistas, tem sido tema central em pesquisas na área de finanças. Nesse contexto, o estudo analisou a relação da estrutura de capital e do valor econômico agregado no desempenho econômico em empresas industriais brasileiras e chilenas. Realizou-se uma pesquisa descritiva, documental e quantitativa. A população da pesquisa compreendeu as empresas de capital aberto do setor industrial ativas no sitio da Thomson One BankerTM no período de 2009 a 2013. A amostra foi composta por 127 empresas, sendo 82 empresas brasileiras e 45 chilenas. Para a análise dos dados foi utilizado um conjunto de indicadores que representam a estrutura de capital, o valor econômico agregado e desempenho econômico. Utilizou-se da análise estatística descritiva, do teste de médias t e da correlação canônica. Os resultados encontrados evidenciam que as empresas industriais brasileiras apresentam maior proporção de capital de terceiros em sua estrutura de capital e menor desempenho econômico em relação às empresas chilenas. No período analisado, 37% das empresas industriais brasileiras apresentaram valor econômico agregado negativo, enquanto este percentual nas empresas chilenas foi de apenas 20%. Em resposta à questão problema e ao objetivo geral do estudo, conclui-se que a maior participação de capital de terceiros na estrutura de capital das empresas brasileiras e chilenas possui alta relação negativa com o desempenho econômico das organizações analisadas. O valor econômico agregado apresentou baixa relação negativa com o desempenho econômico das empresas brasileiras e baixa relação positiva com o desempenho econômico das empresas chilenas. Já as variáveis macroeconômicas e institucional apresentaram baixa relação negativa no desempenho econômico das empresas brasileiras e alta relação positiva no desempenho econômico em empresas industriais chilenas. As evidências da relação da estrutura de capital sobre agregação de valor nas organizações, incluídos neste estudo, fornecem suporte para a visão de que a riqueza dos acionistas é reforçada pelo uso criterioso do financiamento por parte da empresa nas suas operações. Reconhece-se que ainda há a necessidade de se explorar de forma mais profunda as questões acerca da estrutura de capital das organizações, especificamente em relação às fontes de financiamentos disponíveis em cada país em análise, uma vez que há resultados conflitantes apontados tanto neste trabalho quanto na literatura acerca do tema.