O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa do governo federal para a inserção do licenciando no contexto escolar com o intuito de aperfeiçoar e valorizar a formação docente para a atuação na educação básica. O objetivo do presente trabalho centra-se em compreender modos de interação de pibidianos em práticas de escrita desenvolvidas no âmbito do PIBID nos subprojetos Letras-Português e Interdisciplinar-Linguagens em uma universidade localizada em Santa Catarina. A escolha pelos subprojetos em específico se deu em razão de ambos fazerem uso do instrumento diário reflexivo, gênero próprio de ambos subprojetos, como forma de acompanhamento das aprendizagens construídas pelos bolsistas no cerne das interações do Programa, além da vinculação destes com as práticas desenvolvidas no curso de Letras, campo de pesquisa, em que se unem ações entre linguagem e educação. Para este resumo, faz-se um recorte da dissertação em desenvolvimento (2015-2017) e apresentam-se dados parciais deste estudo. Esta pesquisa se caracteriza como qualitativo-interpretativista, inserindo-se na área da Educação. Como sujeitos da pesquisa, foram selecionados dois acadêmicos de cada subprojeto seguindo critérios de escolha: produção do diário reflexivo, publicação de gêneros acadêmicos em anais de eventos ou periódicos de divulgação científica, inserção no PIBID desde os primeiros semestres da graduação, além de não possuírem experiência em sala de aula. Para a geração dos dados, optou-se por analisar relatos contidos nos diários reflexivos construídos pelos bolsistas, as produções de resumos e relatos de experiência publicados por eles, além de entrevistas individuais de cunho episódico, nas quais as perguntas realizadas foram direcionadas acerca dos discursos encontrados nas produções científicas previamente analisadas. O aporte teórico sustenta-se em estudos acerca dos letramentos, mais especificamente, dos letramentos acadêmicos, e na concepção dialógica da linguagem compreendida por meio das lentes teóricas bakhtinianas. Os dados dão indícios de tensões vividas pelos pibidianos, por meio de movimentos dialógicos, reflexivos e avaliativos, ao interagirem com gêneros dominantes da esfera acadêmica, em razão da não compreensão dos modos de dizer e fazer característicos dessa esfera. Há um distanciamento entre as práticas de letramento privilegiadas na escola daquelas dominantes na academia, causando estranhamentos relatados pelos sujeitos da pesquisa. Os dados apontam também que, ao interagirem com práticas de escrita científica, os pibidianos vão compreendendo a importância do uso de vozes de autoridade para subsidiar as práticas desenvolvidas em sala de aula, assim como os modos de gerenciá-las no decorrer do texto. Outro aspecto que emerge nos dados é a compreensão, por parte dos bolsistas, sobre o processo de reescrita que constitui a prática de escrita na academia, envolvendo a interação entre coordenadores, supervisores e bolsistas, fazendo-os compreender, assim, a escrita como dialógica.