Esse estudo analisa os enunciados sobre educação de professores da educação básica de quatro cidades pertencentes à décima sexta gerência regional de educação, com sede na cidade de Brusque-SC. As entrevistas foram realizadas nos meses de julho e agosto de 2016, em 5 escolas públicas da rede estadual de Santa Catarina. O estudo justifica-se na medida em que pode contribuir com as discussões sobre análise de discurso na área de educação, permitindo compreender o que os educadores pensam sobre sua própria área. O objetivo da pesquisa é compreender os enunciados que constituem o discurso dos professores sobre educação. No que se refere ao método, trata-se de um estudo qualitativo com fundamento na metodologia arqueológica e genealógica de Michel Foucault. A geração de dados foi mediante entrevista semiestruturada gravada e transcrita, com quatorze professores que atuam em diferentes áreas, nos três níveis da educação básica: séries iniciais, séries finais e ensino médio. Na cidade sede foram gerados dados em duas escolas, sendo usado o critério de escola mais central e mais afastada do centro da cidade. Nas demais cidades, foram entrevistados professores da maior escola da cidade. Selecionada a escola, os entrevistados foram definidos por adesão voluntária para a participação da pesquisa. Foram observados os critérios éticos pertinentes a essa modalidade de pesquisa, com a aceitação dos participantes mediante preenchimento de Termo Livre e Esclarecido. Os resultados preliminares indicam que os enunciados dos professores sobre educação apresentam conflitos filosóficos e sociais no que se refere à educação. Do ponto de vista histórico, os enunciados dos professores mostram-se influenciados pelo iluminismo e pelas condições históricas que permitiram o surgimento e ascensão do modelo burguês de vida, consequência das revoluções francesa e industrial. A disputa pela positividade dos enunciados sobre educação evidencia uma relação de poder entre um produtivismo escolar, reações às condições degradadas do sistema educacional brasileiro através de desvalorizações sociais que o processo educativo vem sofrendo ao longo do tempo e vontades políticas de mudanças na educação. Por outro lado, os enunciados se mostram constituídos por uma luz sobre o significado de educação, ou seja, a escola Iluminista e burguesa e a necessidade de uma interpretação crítica desse modelo social, revelando novamente uma disputa de poder pela positividade do enunciado. Embora a conclusão ainda seja precipitada, já se pode entrever a produção da subjetividade dos professores, com suas verdades produzidas historicamente, através das relações de poder, constituindo o sujeito que fala pelo discurso que o perpassa.

Palavras-Chave: Discurso; Enunciado; Subjetividade; Saber-Poder.