Última alteração: 2018-02-06
Resumo
Esse estudo analisou a partir de uma perspectiva ergológica, o processo de trabalho de profissionais do Sistema Único de Saúde e do Sistema Único de Assistência Social, sua interface e potencialidades para promover ações intersetoriais relativas ao sofrimento psicossocial, considerando a perspectiva dos trabalhadores. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, classificada como estudo de caso e pesquisa-ação, envolvendo quarenta trabalhadores de duas unidades de Estratégia Saúde da Família, um Ambulatório Geral, dois Centros de Referência em Assistência Social, três Centros de Atenção Psicossocial (das modalidades adulto, álcool e outras drogas, e infanto juvenil), e um Serviço de avaliação em Saúde Mental, de um município de Santa Catarina. Foram realizados treze encontros de trabalho, entre eles três reuniões de matriciamento, e os grupos focais foram utilizados na produção dos dados. Os encontros de trabalho foram gravados, transcritos e analisados através da análise de conteúdo. Os encontros possibilitaram a descrição e análise das ações que ocorrem através do apoio matricial em saúde mental, e os pequenos contatos entre as equipes para a discussão de casos comuns. Houve iniciativas de articulação entre algumas equipes após as reflexões dos encontros de trabalho, apontando a formação das entidades coletivas relativamente pertinentes, essenciais para a eficácia das ações em equipe e entre equipes. Entretanto, a fragilidade dos profissionais também ficou evidente, sugerindo a necessidade de uma relação mais horizontalizada com os gestores, que possibilite uma escuta aos trabalhadores. Conclui-se que a falta de acolhimento do trabalhador, pode impactar na sua atividade de trabalho, trazendo restrições também para as práticas intersetoriais, que nesse estudo se apresentaram ainda um pouco tímidas e restritas ao campo das intencionalidades.
Como produtos dessa pesquisa, destacam-se a aproximação entre as equipes participantes, estreitando o diálogo com vistas a promover ações intersetoriais; a participação de profissionais de um CRAS, no grupo de gestantes de uma ESF e em uma roda de conversa sobre direitos das mulheres; e a iniciação de contatos pela coordenação de um CRAS com os serviços de saúde do seu território, convidando-os a participar do planejamento das ações previstas para esse ano.