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Efeito Disposição na Negociação de Ações: uma análise experimental
Elisane Brandt, Josiane de Oliveira Schlotefeldt

Última alteração: 2018-02-06

Resumo


No âmbito da tomada de decisão em investimentos financeiros, o comportamento humano é influenciado por inúmeros aspectos psicológicos que podem distorcer a identificação e percepção dos fatos, como o conservadorismo (KIMURA; BASSO; KRAUTER, 2006), e o efeito disposição (SHEFRIN; STATMAN, 1985). Quanto ao conservadorismo, Edwards (1954) demonstra que os indivíduos tem um valor de referência que ancora suas percepções, levando-os a estimativas conservadoras. Em relação ao efeito disposição, Shefrin e Statman (1985) afirmam que os investidores tendem a vender ações lucrativas muito cedo e manter ações perdedoras por mais tempo. Nesse sentido, efeitos disposição são especialmente prejudiciais, porque a queda dos preços implica que um estoque de ações que provavelmente tenha uma tendência de queda, deva ser vendido e o aumento dos preços implica em um estoque com tendência ascendente e não deve ser vendido, mas indivíduos fazem exatamente o oposto do que deve-se fazer (WEBER; CAMERER, 1998). O conservadorismo e o efeito disposição podem ser ainda mais intensos se o indivíduo tiver que compartilhar seus resultados ou desempenho com os demais. Evidências sugerem que as comparações sociais desempenham um papel importante na forma como os indivíduos tomam decisões de investimentos (LINDE; SONNEMANS, 2012). Conscientemente ou não, um indivíduo agirá tentando influenciar a forma como os outros o percebem (GOULART et al, 2015), e essas preocupações de auto apresentação e imagem foram comprovadas que afetam os sentimentos das pessoas e tomadas de decisão (JONES; PITTMAN, 1982, GOFFMAN, 1959, SCHLENKER, 1980). O objetivo do estudo foi analisar a influência do investimento em equipe, bem como a influência da divulgação dos resultados no efeito disposição de investidores. Por meio de um experimento com alunos do ensino médio e análise estatística, os resultados foram contraditórios. Esperava-se que investidores que negociam individualmente e que não precisavam divulgar seus resultados aos demais, teriam um efeito disposição menor do que investidores em duplas que divulgavam seus resultados, no entanto, não houve efeito disposição para nenhum tratamento da amostra. O que se pode inferir, é que quanto à proporção de perdas e ganhos, os indivíduos sozinhos possuem uma menor aversão ao risco, bem como aqueles que divulgam seu resultado. Portanto, mais estudos devem ser realizados na área a fim de contribuir com a literatura e tentar mitigar os resultados conflitantes encontrados até o momento.


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