Historicamente o Alto Vale do Itajaí (SC/Brasil) é habitado pelo Povo Indígena Xokleng Laklanõ. Os indígenas identificaram a propriedade medicinal das ervas sendo seus grandes conhecedores os pajés ou xamãs. Os europeus ao chegarem ao Brasil aprenderam muito com os indígenas. O uso de ervas entre os Xokleng Laklanõ era basicamente restrito a dois vegetais: o uiôlo-nhãtâi e o tutôlo, indicados para variados distúrbios (SENS, 2002). O uso significativo destes vegetais era profilático e ritualístico, uma vez que a etiologia das doenças tinha um caráter espiritual (HENRY, 1941; MUSSOLINI, 1946). No contato com os europeus as epidemias se alastraram e as práticas tradicionais de cura indígenas foram gradativamente sendo substituídas por outras indicadas por eles. A Lei n. 11.645/98 obriga o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no Ensino Fundamental e Médio, criando espaços e lugares para a realização de estudos, pesquisas, diálogos e práticas pedagógicas de caráter intercultural.  Para acessar ao conhecimento religioso de um povo indígena é preciso conhecer sua história e cultura. Este trabalho objetiva socializar algumas atividades de aprendizagem desenvolvidas no Subprojeto Intercultural Indígena[1] radicado na EEB Hercílio Deeke (Blumenau/SC), realizada de 2012 a 2013, com licenciados do Curso de Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso da FURB/SC, através da iniciação a docência. Desenvolveram-se estudos, pesquisas e diálogos que encaminharam a construção coletiva do “Jardim das Ervas” a partir do tema: Árvores e plantas nativas (propriedades medicinais, formas de manipulação e presença na Terra Indígena); pesquisas individuais e coletivas; estudos e diálogos que resultaram na seleção e plantio das ervas; infusão e degustação dos chás; registro e elaboração de um pequeno livro relatando as descobertas realizadas pelos educandos e educadores sobre utilização, conservação e benefícios das ervas medicinais, foram alguns passos no processo pedagógico empreendido. Uma vez que a medicina tradicional permanece até hoje, com base em práticas mantidas há milhares de anos contribuindo no desenvolvimento da ciência, da saúde coletiva.

[1] Orientado pelas Professoras Simone Riske Koch e Lilian Blanck de Oliveira (FURB/SC). E-mail: srkoch@terra.com.br ; lilianbo@uol.com.br